quarta-feira, 21 de junho de 2017

Sociedade dos que matam e dos que querem ver morrer Difícil definir o que é mais assustador: a onda de violência com números recordes de assassinatos ou a reação de uma sociedade carente de segurança e com sede de uma justiça deturpada. Diante de tudo isso, o Estado, defensor máximo do cidadão, se mostra tão indefeso quanto qualquer sujeito comum. Não consegue prover a segurança mínima e, diante do caos, acaba tomando medidas frágeis que comprometem ainda mais a pouca esperança por dias melhores. Com a premente necessidade de responder às pressões sociais, o Estado acaba utilizando como arma o embate, com pouco ou nenhum diálogo, eximindo, pois, a sua força humana – aqueles que são cidadãos de bem e que afetam sua conjuntura familiar na tentativa de promover a paz. Mas, quais são os inocentes e quais os culpados? Perante o caos, a dificuldade de discernir o correto do errado se torna mais evidente. Aqueles que apresentam uma vida cotidianamente correta começam a ecoar palavras de ódio, de morte, de vingança, de “justiça”. Aos olhos crus, desejamos, de logo, condenar pessoas que desejam a justiça pelas próprias mãos, a famosa máxima do “olho por olho, dente por dente”; contudo, como culpar um pai, por exemplo, que está desesperado com a sociedade que está posta aos seus filhos? Cabe julgamentos a uma pessoa que passa o mês trabalhando duro para ter um salário mínimo ao final do mês e essa quantia lhe ser usurpada da maneira mais vã? Toda moeda tem dois lados, duas versões, duas faces; mas, os ensinamentos cristãos nos dizem para dar a outra face e não, simplesmente, devolver o mal com o mal, pois do mal nenhum bem pode ser retirado. Pois bem, obviamente, aos olhos da lei e da justiça (dos homens), o errado é o fora da lei que está nas ruas. É ele que está gerando todo o pavor. Contudo, é neste momento de completa apreensão que a sociedade pode refletir sobre diversas situações que, talvez na pressa do dia a dia normal, acabem passando despercebidas: o Estado, na pessoa dos nossos representantes, está realmente desempenhando o seu papel? A segurança é uma problemática resultante da falta de educação, da saúde precária, esses setores estão tendo o respaldo necessário dos poderes públicos? Ou será que estamos apenas, ainda, votando por conveniência e fechando os olhos para os consequentes descasos? E, acima de tudo, que haja a reflexão pessoal: o quão bons somos para podermos julgar o nosso vizinho? Desejar a morte de um criminoso e/ou querer matá-lo não nos torna também criminosos? Que a paz seja cultivada com a paz e o bem com o bem, a nossa sociedade precisa disso, especialmente agora. (Brena Santos – Advogada)

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