domingo, 15 de janeiro de 2017

O ódio dos que não amam é letal Na tarde da quarta-feira, 11, a mãe Tatiana Lozano Pereira confessou que matou o seu próprio filho, Itaberlly, de 17 anos, a facadas, no dia 29 de dezembro de 2016. Foram presos ela e o seu companheiro, este partícipe do assassinato. A motivação foi a homossexualidade do filho. Segundo o tio paterno do garoto, Dario Rosa, “a mãe dele não aceitava e a gente já desconfiava, porque ela não quis prestar queixa. Acho que a mãe tem que cuidar do filho e não fazer o que ela fez. Ele era um rapaz que trabalhava, era educado, era um menino, mas estava na fase de trabalhador”. Talvez, para alguns, o mais assustador nesse caso tenha sido a mãe ter matado o próprio filho; todavia, crimes de ódio como esse acontecem diariamente. Quantas pessoas já não foram mortas apenas por expressar quem elas são? De acordo com dados do Grupo Gay Bahia, com última pesquisa datada de 2016, nos últimos quatro anos e meio foram mortos no Brasil, apenas levando em consideração os crimes registrados pela motivação “homofobia”, mais de 1,6 mil pessoas. A Secretaria de Direitos Humanos do Governo Federal revela, em seu último levantamento, uma média de 1.950 denúncias por ano. Levantando-se a ressalva de que esses números são relativos a casos notificados, desse modo, compreende-se uma realidade muito mais alarmante se for levado em consideração o elevado índice de subnotificação. Acontece que, ao contrário dos que muitos pensam, a homofobia, o machismo, a transfobia, o racismo, dentre outros crimes da mesma linha, não são meras manifestações de opinião, mas sim a manifestação de um ódio motivado pela intolerância. Nesse caso, aquele que odeia determinada pessoa por ela ser negra está sendo intolerante com a condição humana, com o seu par. O mesmo acontece com as outras manifestações da diversidade. Dito isso, é imperioso dizer que o fato de determinada pessoa não aceitar o atributo de um sujeito por este diferir daquilo que é considerado “correto” ou “padrão” é perigoso. A intolerância jamais pode estar assentada na premissa da “liberdade de expressão”, pois não é. A intolerância consiste numa manifestação desrespeitosa, agressiva e violadora de diversos direitos individuais e coletivos. A intolerância é, pois, a manifestação do ódio, sendo essa uma das armas mais perigosas, pois atua de maneira sorrateira, porém certeira. Com o discurso, adentra nas mais diversas casas, ambientes profissionais e públicos, inclusive em Casas Legislativas. O ódio é produto dos que não amam e mata, todos os dias, mais um. (Brena Santos – Advogada)

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